Antes de ser mãe de um surdo eu tinha 2 pés atrás com o a palavra Militante.
Pra mim ela significava intolerância e tenho a impressão que pessoas que não precisam ou não atuam ativamente por uma causa, tem essa mesma impressão.
Após o nascimento do Gui e a descoberta da surdez, o implante coclear logo depois e ainda buscando um conhecimento que eu não tinha, senti na pele o desprezo e julgamento de pessoas influentes e militantes da causa surda. Tudo porque decidi seguir por outro caminho, optando pela Libras como a primeira língua.
Sim, isso existe! Eu era uma mãe perdida em busca do que tinham me oferecido como o melhor: a possibilidade do meu filho surdo ouvir!
Mas a partir do momento que eu quis buscar outros caminhos, descobri que aqueles “militantes” só brigavam por um grupo seleto : os surdos que ouvem.
A partir do momento que procurei a Libras, meu filho deixou de ser importante para a causa!
Mas aí alguém totalmente de fora pode me perguntar:
Ué, mas a pessoa militante não é aquela pessoa ativa que vai em defesa de uma causa?
Sim!
O certo seria exatamente isso e é aí que mora o perigo da militância seletiva!
O que me fez escrever esse post hoje é justamente um paralelo ao que está acontecendo na casa do BBB esse ano!
Quanta militância de tribunal acontecendo e quanto desserviço!
Eu fico imaginando a cabeça das pessoas leigas no assunto assistindo aquele show de horrores que não para!
O que aconteceu com o menino Lucas dentro daquela casa mostra de uma forma triste e lamentável como a militância pode ser perigosa.
Aliás Isso pra mim não é militância!
Aquele menino foi julgado e silenciado de todas as formas justamente por pessoas que deveriam acolhê-lo. ( aliás, muito amor para você Lucas que é do Slam que sabe muito bem como transformar sua dor e luta em forma de poesia. O mundo é seu!! ❤️❤️).
O que aconteceu com o Lucas me fez refletir muito sobre o que é militância, o que é intolerância, discurso de ódio e como isso pode acabar com o psicológico de alguém que só precisa do acolhimento.
O BBB esse ano me trouxe reflexões para o que eu vivo e o que vivemos hoje em dia, Afinal o que acontece dentro da casa é um reflexo da nossa sociedade e esse movimento de “militância seletiva” , não é de hoje que acontece não!
O perigo de falar e não saber ouvir.
O perigo de usar o conhecimento como tanque de guerra.
O perigo de julgar e não acolher.
Se em algum momento do meu passado eu tinha medo de dizer e assumir a minha militância, hoje eu tenho muito orgulho porque a militância é você trabalhar ativamente por uma causa, transformar a sociedade em um lugar para todos, somar, acolher, combater o preconceito e a desinformação, ouvir!
Qualquer coisa fora disso, não é militância!
Trazendo para a surdez que é por onte eu transito hoje, queria muito que minha mensagem chegasse a todos que lutam por essa causa!
Vamos refletir e ver se não estamos sendo “Lumenas”.
Eu por exemplo sou mãe de uma criança surda usuária da Libras e nada me impede de acolher uma mãe de uma criança surda oralizada! Por que não?
Eu nunca vou julgar e apontar para uma mãe o que é certo e o que é errado. Jamais!
Uso a minha voz para contar a minha história e experiência para assim abrir o horizonte para pais que sentem que estão sem uma saída.
E para finalizar esse texto enorme eu queria dizer que eu luto pelo surdo e aqui no meu espaço e na minha vida vocês jamais vão me ver apontando o dedo para um surdo! Independente de quem ele seja, suas escolhas, seu partido político, sua religião...
Respeito!
Não é de hoje que vimos a cultura do cancelamento e massacre acontecer.
Não seja essa pessoa! Vamos usar a nossa voz para abrir diálogos e não cultivar o ódio!
Pratiquemos a empatia!